Essa não é uma carta de amor
Estou eu aqui, fechada nessa quarentena no quarto diante a esse computador. Na mesa o copo de vinho me convida a buscar mais um pouco na geladeira. Não faço ideia o que tô fazendo aqui. Espera. Volto já. Me levanto mais pra lá do que pra cá , afinal é a segunda garrafa de Merlot virada só essa noite. Não me ative a sabores refinados nesses últimos dias. Me peguei no mercado escolhendo o mais barato e vagabundo que passava na frente, porque se é para beber trancada nesse prédio alto de Pinheiros, que seja bebendo muito. Cheers! Passo no corredor cantando alto para espantar as mazelas de Dionisio e busco o meu néctar divino. Resolvo levar logo o resto da garrafa porque facilita a pobre mulher bêbada. E volto para a mesa de trabalho. Puta merda. Lembrei. Não tenho mais trabalho. Dou uma risadinha de canto de boca e tomo mais um gole ...